Missão Proba-3 entrega imagens do primeiro eclipse solar artificial já feito

Uma tecnologia que poderia parecer impossível há alguns anos — a produção artificial de eclipses solares para observar a coroa solar — não apenas foi desenvolvida pela Agência Espacial Europeia (ESA), mas também entregou recentemente suas primeiras observações a um grupo maravilhado de cientistas.
Responsável pelo feito extraordinário, a missão Proba-3 foi lançada no dia 5 de dezembro de 2024, a bordo do foguete PSLV-C59 da NewSpace India Limited. São, na verdade, duas espaçonaves separadas: a Coronagraph (CSC) com cerca de 300 kg, e a Occulter (OSC) com massa aproximada de 250 kg e equipada com um disco ocultador com 1,4 m de diâmetro.
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Durante seu “balé” cósmico, em que deslizam pelo espaço com precisão milimétrica, a OSC se posiciona para bloquear o disco do Sol, enquanto a CSC faz observações da coroa em diferentes comprimentos de onda usando seu instrumento ASPIICS, iniciais em inglês para Associação de Naves Espaciais para Investigação Polarimétrica e de Imagem da Coroa do Sol.
Como a Proba-3 produz eclipses artificiais?
O primeiro passo para obtenção de observações perfeitas do Sol, um alinhamento com precisão extrema de um milímetro, foi obtido em março deste ano quando as duas espaçonaves conseguiram um feito inédito: voaram a 150 metros de distância entre si, em formação perfeita por várias horas, e sem nenhum controle a partir do solo.
No site da ESA, o pesquisador principal do ASPIICS, Andrei Zhukov, explica que “cada imagem completa — cobrindo a área do Sol oculto até a borda do campo de visão — é, na verdade, construída a partir de três imagens. A diferença entre elas é apenas o tempo de exposição, que determina por quanto tempo a abertura do coronógrafo fica exposta à luz”.
A combinação dessas três imagens dá aos pesquisadores uma visão completa da coroa solar com uma qualidade comparável às fotos tiradas durante um eclipse solar. A grande vantagem é que, com a Proba-3, as equipes podem criar seu próprio eclipse a cada órbita de 19,6 horas, durante até seis horas, enquanto os raros eclipses solares naturais duram apenas alguns minutos.
O que as imagens do primeiro eclipse artificial mostraram?
Imagem combinada do observatório SOHO, da missão Proba-2 e da Proba-3, da coroa solar. (Fonte: ESA/Divulgação)
As primeiras imagens obtidas pela Proba-3 mostraram a diversidade térmica da coroa solar por meio de imagens espectrais. O verde-escuro mostra o ferro ionizado nas regiões mais quentes. Já o amarelo destaca o hélio e as proeminências solares — gigantescos arcos de plasma emergindo da superfície do Sol —, enquanto o violeta registra correntes estruturais em luz branca.
Como a nova missão continua em fase de comissionamento e testes, a ESA continua usando observações simultâneas de duas sondas antigas: as do SOHO, observatório veterano que mapeia as camadas atmosféricas externas, e da Proba-2, em órbita desde 2009, que teve sua missão estendida para documentar o disco solar em ultravioleta extremo.
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Embora ainda não tenha iniciado oficialmente o seu programa científico principal, a Proba-3 já demonstrou, nesses dados preliminares, um potencial revolucionário para análise solar contínua. Com eclipses artificiais disponíveis a cada vinte horas, essa tecnologia pioneira pode ressignificar tudo o que sabemos sobre os processos dinâmicos de nossa estrela central.
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