Fundação do casal Zuckerberg corta financiamento e faz escolas fecharem nos EUA

Um projeto social voltado para a área da educação mantido pelo casal Priscilla Chan e Mark Zuckerberg vai encerrar o financiamento de duas escolas nos Estados Unidos. Ao todo, mais de 500 crianças antes auxiliadas terão que procurar outra escola em breve.
De acordo com uma reportagem do jornal The Washington Post, a Iniciativa Chan Zuckerberg (CZI, na sigla original em inglês) comunicou duas escolas mantidas pelo projeto Primary School que a verba será descontinuada após o ano letivo de 2026. Na prática, isso também significa que as duas instituições terão que fechar as portas.
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Em um comunicado, a CZI não deu detalhes sobre o motivo do corte no financiamento, citando apenas “revisões” feitas pelo conselho e promessas de compensação financeira às famílias atingidas, além de manter alguns investimentos na região. Porém, os pais e professores não estão nada satisfeitos com a mudança repentina. Procurada pelo jornal, Chan não concedeu entrevista e nem se manifestou nas redes.
As localidades afetadas são ao leste da Baía de San Francisco e de Palo Alto, região da famosa cidade do Vale do Silício que concentra uma população menos favorecida — e com cada vez mais dificuldades de se manterem em uma região que segue aumentando o próprio custo de vida.
Os envolvidos no projeto foram avisados por uma chamada via Zoom e, apesar da promessa de auxílio financeiro, a necessidade de recorrer a uma nova escola após tantas promessas da entidade e os gastos possivelmente maiores com as crianças foi considerada frustrante por pais e funcionários.
O que é o projeto CZI?
O CZI nasceu em 2015 sob iniciativa principalmente de Chan, esposa do CEO e cofundador da Meta, empresa responsável por Facebook, Instagram e WhatsApp;Com pais vietnamitas, Chan atuava como pediatra antes de se dedicar à filantropia e cresceu em uma região marginalizada em Boston;A ideia do Primary School, um dos braços da CZI e criado em 2016, era justamente mostrar que acesso a recursos como saúde e educação pode dar “uma chance justa” e mais oportunidades de vida às crianças de regiões menos favorecidas;
A iniciativa Primary School fornecia não apenas verba para escolas modernizarem equipamentos e estrutura, mas também o fornecimento de atividades como mentoria, acompanhamento de alunos com deficiência e até atendimento à saúde de graça, além de acompanhamento psicológico para os pais;Uma das inspirações do casal foi a Bill and Melinda Gates Foundation, entidade filantrópica hoje comandada apenas pelo executivo e que financia vários projetos de pesquisa em saúde ao redor do mundo;
As críticas ao projeto
Apesar de parecer uma boa ideia no papel, funcionários consultados sob condição de anonimato criticaram a gestão de Chan ao longo dos nove anos em que o Primary School operou. A opinião da equipe é de que o caso reforça o risco da dependência de projetos sociais em doadores únicos, que podem desfazer todo um planejamento em pouco tempo por decisões arbitrárias — como a tomada pela CZI nas escolas de comunidades carentes.
Segundo a reportagem, a queda no desempenho acadêmico das escolas teria sido um dos motivos de descontentamento do projeto. Porém, depoimentos da equipe apontam outros problemas: o projeto “tentava ideias inovadoras” e tinha tecnologias praticamente exclusivas para algumas atividades, mas não contava com “alguns dos recursos padrões de muitas escolas” e nem um esquema rígido de disciplinas exigido pelo sistema educacional do país.
Projetos como a Primary School ajudam comunidades carentes, mas tornam elas dependentes da continuidade das doações. (Imagem: Reprodução/Instagram)
Além disso, ao longo dos últimos anos, Chan e Zuckerberg teriam se distanciado das escolas, que ela costumava visitar com alguma regularidade, e de projetos educacionais como um todo. A própria CZI tem evitado financiar projetos de cunho social ou político, agora alegando estar focada em “avançar nas fronteiras da biologia e inteligência artificial (IA)“.
A mudança segue um posicionamento já confirmado por Mark desde o início de 2025. O CEO se aproximou do presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu defender a liberdade de expressão e encerrou programas de diversidade e inclusão na Meta.
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