Dune Awakening agrada pela imersão, mas peca ao focar demais em elementos de sobrevivência – Review

Dune Awakening é um MMO que explora o rico universo de Frank Herbert. Sem qualquer ligação direta com os livros, séries e filmes, ele te coloca no papel de um sobrevivente, que precisa se aventurar no icônico planeta desértico de Arrakis, em uma jornada onde você mesmo traça o seu destino.
O jogo fez um enorme sucesso no período de acesso antecipado, e versões de testes em eventos de games ao redor do mundo. Mas será que a sua versão completa vale mesmo a pena? Confira o review completo!
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Uma narrativa empolgante
Por incrível que pareça, Paul Atreides não está presente na narrativa de Dune Awakening. Isso mesmo, o game traz uma história “paralela” onde o protagonista da série principal, tanto nos filmes como nos livros, simplesmente não existiu. Embora muito ousada, a estratégia de tirar o pilar principal do enredo foi um tiro certeiro, fazendo com que jogadores pudessem ter mais liberdade para explorar o rico universo da franquia. Mas para seus os fãs há um adendo: o próprio Paul narra o inicio da aventura, deixando claro que não faz parte dela.
Entretanto, por se tratar de um MMO, já era de se esperar que essa mesma narrativa não fosse algo tão atrelado ao seu personagem Em outras palavras, pela forma com que jogos do gênero são construídos, quase como sem um fim, e em muitos casos sempre recebendo novos conteúdos de tempos em tempos, era de se esperar que ele não tivesse amarras. E acredite, isso também contribui bastante.
Você começa a sua jornada como um escravo que, depois que sua nave foi supostamente abatida, cai em meio ao imenso deserto de Arrakis. Você é resgatado por um fremen, que na história do game é um povo praticamente extinto. A partir daí você é guiado por um longo tutorial, seguido de uma introdução interminável, até que finalmente a história possa começar a ser construída.
E é justamente esse primeiro ponto a ser criticado. A sensação é que a introdução do jogo é interminável, já que por longas horas é preciso fazer basicamente o mesmo: recolher recursos e descobrir novos elementos para seu personagem e sua instalação. Mesmo sendo comum aos jogos do gênero, é notável o quando o momento é mais amarrado que o normal, ainda mais levando-se em conta a limitação de exploração, uma vez que até finalmente “montar” a sua moto e iniciar o jogo para valer é preciso “ralar” muito e sobreviver a muita coisa.
Durante esse tempo, pouca coisa da história é repassada ao jogador. E para piorar, isso só acontece ao adentrar pequenas cavernas que por sua vez concedem habilidades e flashes de determinados trechos do futuro enredo, bem no estilo Duna de contar suas historias, mas dessa vez sem beber nenhum líquido azul.
Porém, quando finalmente a história começa a se desenrolar, é interessante o quanto você é livre para fazer o seu próprio caminho. Isso porque há uma série de elementos, que o game chama de Jornada, onde é possível escolher por onde prosseguir e traçar o seu rumo. Uma vez completados, eles desbloqueiam novas missões e partes de histórias do passado. Por fim, há até mesmo um registro das suas últimas investidas e mortes.
Jogabilidade criativa e confusa
Essa foi a melhor forma que encontrei para definir em poucas palavras a jogabilidade do game. Isso porque o jogo traz uma parte inicial confusa onde informações são jogadas a todo momento, e que é preciso estar atento a elas. O motivo é que o pilar principal de Dune Awakening é construir praticamente tudo, porém o processo para isso é mais complexo do que deveria.
Por exemplo, basicamente para criar um elemento é preciso que primeiro você pesquise sobre ele. Em seguida, você precisa fabricar o que foi pesquisado, e depois produzir o item. Alguns são simples de serem criados, e no próprio menu do seu personagem você faz isso. Já outros entram na tal complexidade que eu tanto questionam, necessitando de determinadas máquinas, que por sua vez precisam de determinados materiais para serem criadas, gerando uma sucessão de tarefas que soam como repetitivas e sem graça.
Paralelo a isso, assim como um bom RPG (sim, Dune Awakening tem elementos de um RPG), você conta com uma árvore de habilidades. Embora no começo do jogo você obrigatoriamente tenha que definir uma classe, o game não te obriga a segui-la sempre. Em outras palavras, é possível, por exemplo, optar por ser um Espadachim, mas adquirir também habilidades relacionadas a Mentat. Para isso, basta ir até um Treinador específico da classe, e desbloquear a respectiva árvore de habilidades.
Isso cria um dinamismo incrível ao jogo, permitindo que você possa ter um Soldado pronto para o combate franco, mas com poderes mentais e até mesmo de cura, que pertencem a uma outra classe. Além disso, caso não esteja satisfeito com a atual Árvore de Habilidades, você pode reiniciá-la a cada 48 horas.
Já os combates, esses sim são um tanto decepcionantes. A começar pela forma simples e irreal com que são realizados, onde basta apenas correr como um louco na direção do oponente e golpeá-lo, uma vez que tiros parecem não fazer tanto estrago como em outros jogos. Há elementos que dificultam isso ao longo da jornada, como uma espécie de escudo que precisa ser acertado por um determinado elemental, ou inimigos com mais energia, porém, ainda sim não é nada satisfatório.
Fica a sensação de que houve um cuidado maior em praticamente todas as outras partes do jogo. Já aquele que deveria ser um dos pilares, que é o sistema de combate, acabou ficando de lado e foi implementado de maneira relaxada, o que joga no ralo boa parte do interessante sistema de habilidades.
O primordial é sobreviver
Outra característica de Dune Awakening é ser um jogo voltado muito mais para a sobrevivência, do que necessariamente para a evolução de seu personagem, como na maioria dos MMOs comuns. Isso fica claro logo no começo do jogo, onde são apresentadas mecânicas como a falta de água e os danos causados pela exposição do sol, embora isso mais adiante não seja tão impactante.
Sendo assim, mais do que a necessidade de construir e evoluir base e personagem, é preciso ficar atento aos locais onde você vai ficar residindo temporariamente, pelo menos até a chegada de uma grande tempestade de areia ou um verme gigante, que também entram na lista de preocupações. Com isso, mais do que procurar um local rico de recursos naturais ou materiais para construção, é preciso ficar perto de onde há fontes de hidratação e rotas carregadas de sombras.
E sobre esses elementos mais temíveis, as tempestades de areia por sua vez podem ser contornadas. Isso porque há uma espécie de alerta para que você tenha tempo suficiente para se abrigar e não sofrer danos, o mesmo não podemos dizer sobre sua base e veículos.
Já os vermes gigantes, esses sim são o maior pesadelo do jogo. Antes é preciso dizer que, assim como na obra original, é possível “caminhar” de um forma certa para evitá-los, tanto que na parte inicial do jogo é muito raro ser ameaçado por um deles. Porém, passada a longa introdução e, principalmente, a possibilidade de criar seus próprios veículos, você certamente fará de tudo para não ser engolido por eles, já que o seu meio de transporte é o maior culpado por atraí-los.
Toda essa preocupação é porque, ao morrer no jogo, você pode retornar até algum ponto de renascimento e ir em busca do seu equipamento perdido, o que não acontece quando você é engolido por um verme gigante. Essa foi de longe a experiência mais traumática em todo o game, uma vez que foi preciso praticamente recomeçar do zero até alcançar um nível similar de equipamentos para continuar a minha jornada, o que me fez perder muitas horas.
Achei exagerado? não mesmo. Entretanto, a sensação de frustração pode fazer com que jogadores abandonem o game, ou simplesmente “deem um tempo”, já que é difícil assimilar tamanha perda, principalmente em partes mais avançadas, como prestes a terminar contratos valiosos, ou de suma importância para o desenrolar da história.
Desempenho não acompanha o visual encantador
Antes é preciso lembrar que, mesmo já anunciado para os consoles da atual geração, Dune Awakening só chegará para PS5 e Xbox Series S/X em 2026. Sendo assim, atualmente, a única versão disponível é a de PC, que foi a utilizada para a produção deste review, em um computador com a seguinte configuração:
Placa Mãe: Asus Rog Strix Z790-h GamingPlaca de Vídeo: GeForce 4070 Ti Super Processador: Intel i7 14700k Memória RAM: 32GB Kingston Fury Renegade
Com isso, pude rodar o game com todas configurações visuais no Ultra. E realmente é um jogo muito bonito, principalmente no que diz respeito a sua ambientação. É impossível não se impressionar com o deserto na parte inicial do enredo, que por sua vez muda a cada passagem de uma tempestade de areia, ou estrago feito por um verme gigante. Além disso, a mudança de horários, seja de dia ou de noite, traz um cenário perfeito para fotos como as da imagem abaixo.
Ao mesmo tempo, me incomodou muito alguns elementos um tanto repetitivos, principalmente na hora de adentrar cenários internos, como cavernas, masmorras e bases inimigas. Tanto o entorno como os inimigos são muito repetitivos, o que é uma pena já que quebra bastante o clima, e até mesmo atrapalha em alguns momentos, já que você não consegue distinguir se é um inimigo novo, ou algum que não foi morto ainda.
Além disso, também me decepcionou o quanto ele perde em desempenho em alguns momentos, principalmente em interações com NPCs. Por exemplo, ao alcançar o primeiro grande ponto central do game, embora seja uma sala limitada, o jogo apresentou uma brusca queda de FPS, o que se prolongou até a região central, que por sua vez é visitada também por outros jogadores.
Por fim, vale destacar outro fato um tanto curioso que foi um aviso de reinicialização do meu atual servidor do jogo. A mensagem soava como apocalíptica e dava a entender que eu perderia tudo o que tinha feito até então, como minha base e veículos. Embora no dia anterior ao aviso tudo estava normal, ainda fiquei com essa “pulga atrás da orelha”.
Vale a pena?
Dune Awakening é um jogo que agrada os fãs de Duna, e quem sequer leu ou assistiu algo da franquia. A sua imersão faz com que você queira “viver” no universo da saga, seja no deserto cruel de Arrakis, ou em outros planetas mais amigáveis. E ao mesmo tempo faz com que você perca horas criando e modificando suas bases, itens, equipamentos e veículos.
Entretanto, o game leva a paciência do jogador ao limite ao mostrar uma progressão muito lenta, um combate nada atrativo, e a elementos altamente cruéis, que fazem com que horas e horas de evolução sejam reduzidas a cinzas em uma “simples” mordida de um verme gigante. Mas, caso você sobreviva a todo esse caos inicial, a recompensa é um jogo imersivo e divertido que, contrariando a lógica e o padrão atual, me arrisco a dizer que terá uma vida útil muito longa.
Nota Final: 80
Pontos positivos (prós):
Reprodução fiel do universo de DunaGráficos encantadoresDiversos caminhos a serem tomados na históriaSistema de criação de itens e base
Pontos negativos (contras):
Progresso muito travado e demoradoSistema de combate raso e cheio de falhasAlguns elementos poderiam ser menos complexosCenários fechados e inimigos muito repetitivos
Dune Awakening já está disponível para jogar no computador. O game foi cedido pela desenvolvedora para análise na plataforma. E você, já está jogando Dune Awakening? Conte para a gente nas redes sociais do Voxel!