Cada pessoa tem uma “impressão digital respiratória” única, diz estudo

Além dos padrões costumeiros utilizados em contextos de identificação forense, segurança e autenticação pessoal — como impressões digitais, DNA, íris dos olhos e arcada dentária —, uma equipe de pesquisadores israelenses acaba de acrescentar um novo identificador a esse kit: os padrões respiratórios nasais, individualmente únicos.
Em um estudo publicado recentemente na revista Current Biology, a equipe liderada pela neurocientista Timna Soroka, do Instituto Weizmann de Ciência de Israel, equipou voluntários com um dispositivo vestível que monitorava sua respiração nasal. Os padrões permitiram a identificação dos indivíduos com uma precisão de 96,8%.
Entenda: IA sugere que cada impressão digital humana, talvez não seja única
Mesmo com todo o conhecimento já acumulado sobre respiração, diz o coautor Noam Sobel, “nos deparamos com uma maneira completamente nova de olhar para a respiração. Consideramos isso como uma leitura do cérebro”, afirma o neurocientista em um comunicado. Os autores apelidaram a nova técnica de “impressão digital da respiração”.
De ferramenta de identificação a marcador individual de saúde
Resumo gráfico do estudo. (Fonte: Soroka et al. Current Biology, 2025/Divulgação)
“A ideia de usar o padrão respiratório de um indivíduo como uma assinatura única tem sido discutida há décadas na comunidade de ciências respiratórias”, afirma Soroka à ScienceAlert. Apesar da singularidade evidente, não havia ferramentas práticas de medição, o que só foi possível agora com o desenvolvimento de dispositivos vestíveis miniaturizados,
Inovador, o dispositivo monitora com precisão o fluxo de ar de cada narina durante períodos de até 24 horas. No entanto, bastou uma hora para que os pesquisadores alcançassem uma precisão de 43% na identificação individual dos 97 participantes do estudo. Mas a precisão “disparou” após 24 horas. Os dados coletados foram analisados pelo protocolo BreathMetrics.
Os resultados superaram as expectativas dos pesquisadores, revelando não apenas a capacidade de identificação individual através da respiração, mas também uma inesperada correlação entre padrões respiratórios e características pessoais. Isso significa que, além de um novo modelo de identificação biométrica, o método pode ser uma ferramenta não invasiva de diagnóstico.
Analisando a correlação entre respiração e bem-estar humano
Níveis de depressão ou ansiedade podem estar ligados à maneira como as pessoas respiram. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Entre os múltiplos indicadores de saúde correlacionados com as impressões digitais de respiração estão: índice de massa corporal, ciclos de sono-vigília, níveis de depressão e ansiedade, além de outras características de comportamento. Participantes com pontuações maiores em questionários de ansiedade apresentaram inalações mais curtas, e mais variadas durante o sono.
Uma possível relação entre níveis de depressão ou ansiedade e a maneira como as pessoas respiram foi notada por Sobel, “Mas pode ser o contrário”, diz o neurocientista. “Talvez a maneira como você respira o deixe ansioso ou deprimido. Se isso for verdade, poderíamos modificar a forma como você respira para tratar essas condições”, conclui.
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Apesar do potencial promissor, o dispositivo ainda enfrenta algumas limitações práticas: o tubo nasal pode ser associado a doenças, além de não considerar respiração bucal e apresentar instabilidade durante o sono. Enquanto trabalham em versões aprimoradas, os pesquisadores querem testar se, ao imitar padrões saudáveis, pessoas poderiam melhor seus estados mentais e emocionais.
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