Thomas Edison, além da lâmpada: conheça a história e curiosidades sobre o inventor

Considerando-se que a concessão da patente de um invento envolve não apenas uma ideia, mas todo um processo de experimentação, desenvolvimento e refinamento, como condensar a história de Thomas Alva Edison que, ao longo de sua vida, patenteou 2.332 invenções em todo o mundo, sendo 1.093 nos Estados Unidos?

Admitindo uma incompletude inevitável, podemos começar com seu nascimento, em 11 de fevereiro de 1847, na cidade de Milan, Ohio. Seu pai Samuel era um político libertário, que trafegava entre os EUA e o Canadá. Sua mãe Nancy incentivava o amor do filho pelos livros. “Ela me deixou seguir minha inclinação”, lembrava sempre Edison.

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Ex-professora, Nancy teve que tirar o jovem Tom da escola, após três meses, quando um professor o chamou de “atrasado mental”. Ela não só assumiu a educação do filho, como também lhe franqueou o uso do porão da casa, para seus experimentos químicos, mesmo sabendo do risco que a família corria nos aposentos acima. 

Primeira invenção de Edison foi um fracasso

Edison prometeu só inventar coisas que as pessoas desejassem. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Aos doze anos, Edison já mostrava seu espírito empreendedor vendendo jornais e doces no trem que ligava Port Huron a Detroit. Ele transferiu seu pequeno laboratório para o vagão de bagagem, até que um solavanco do trem provocou a queda de uma garrafa de fósforo amarelo imersa em água, dando início a um pequeno incêndio. 

Com a interrupção da carreira de cientista ferroviário, o adolescente se tornou um telegrafista itinerante, trabalhando em diversas cidades do meio-oeste americano. Dessas experiências, surgiu sua primeira invenção: um registrador de votos elétrico, em 1868. A máquina foi um retumbante fracasso, porque, como hoje, os políticos preferiam votações lentas e pouco transparentes.

Da experiência negativa, Edison tirou uma lição que levaria para toda a vida: só inventar dispositivos que as pessoas realmente desejavam. Chegando, aos 22 anos, a Nova York, ele não tinha um centavo no bolso. Mas, conseguindo melhorar o sistema de telégrafo de ouro da Western Union, ganhou US$ 40 mil, uma fortuna que lhe permitiu abrir sua primeira oficina.

O fonógrafo: Edison grava sua genialidade em alto e bom som

A primeira gravação analógica do mundo foi Edison recitando Maria Tinha um Carneirinho. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Quase completamente surdo desde os 12 anos (há várias teorias sobre a causa), Edison considerava a deficiência uma vantagem porque “me preservou das distrações de um mundo barulhento”. Ironicamente, a invenção que lhe trouxe fama mundial foi a do fonógrafo, descoberto em 1877, a princípio um cilindro coberto com papel alumínio. 

Previsivelmente, a primeira gravação analógica de som do mundo foi de Edison, aos 30 anos, recitando a canção de ninar “Mary Had a Little Lamb”. Ao ouvirem sua voz sendo reproduzida mecanicamente, as pessoas logo chamaram o inventor de “Feiticeiro de Menlo Park”, comunidade onde Edison estabeleceu seu laboratório em 1876. A partir de 1954, o município se chama Edison. 

Durante os anos de 1870, o inventor também desenvolveu o transmissor de carbono, que melhorou significativamente a qualidade do telefone de Alexander Graham Bell. Suas inovações em telegrafia múltipla, que permitiam enviar várias mensagens simultaneamente por um único fio, estabeleceram sua reputação como inventor mais importante da América.

Edison não inventou a lâmpada elétrica

A lâmpada elétrica foi uma criação coletiva. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Embora tenhamos nos acostumado, na escola, a creditar a brilhante invenção a Thomas Alva Edison, a lâmpada elétrica não teve um único inventor: ela foi uma evolução coletiva ao longo de décadas. O que ele realmente fez, em janeiro de 1879, foi criar uma versão de lâmpada incandescente de alta resistência usando filamento de platina em bulbo de vidro a vácuo.

A iluminação elétrica incandescente dominou o cenário das cidades na década de 1880. Na vanguarda, Edison criou todo um sistema de distribuição elétrica, incluindo geradores, medidores, fusíveis e cabeamento. Em 1882, Edison inaugurou a primeira estação de energia elétrica comercial do mundo na Pearl Street, em Manhattan, iluminando um quarteirão.

Na época, o sistema de corrente contínua (DC) de Edison competia com o sistema de corrente alternada (AC) da Westinghouse e Tesla. Derrotado na “Guerra das Correntes”, pois seu sistema só funcionava em distâncias curtas e só tinha voltagem fixa, Edison acabou adotando o sistema dos rivais, e fundou, em 1878, a Edison Electric Light Company, que se tornou a General Electric. 

Baterias para carros elétricos?

Ford pretendia lançar um carro elétrico equipado com uma bateria de Edison. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Nas décadas seguintes, Edison diversificou suas pesquisas e investimentos, apostando na mineração de ferro e no cimento. Desenvolveu um processo de separação magnética para extrair ferro de minérios de baixa qualidade, mas essas usinas de beneficiamento tiveram que fechar as portas após a descoberta de ricos depósitos de ferro em Minnesota.

Posteriormente, Edison construiu uma das maiores fábricas de cimento dos Estados Unidos. Visionário, ele queria criar casas inteiras de concreto moldado: paredes, telhados, banheiras, pias, tudo numa peça única. Embora funcionalmente perfeita, a ideia não foi aceita pelos consumidores americanos, que preferiam a madeira por simbolizar tradição e conforto doméstico.

A partir de 1900, Edison se concentrou em um projeto futurista: o desenvolvimento de baterias alcalinas para veículos elétricos. Sua bateria níquel-ferro foi tecnicamente superior às baterias de chumbo-ácido. A ideia até chegou a ser considerada pelo seu amigo Henry Ford, mas foi logo superada pelo sucesso do motor a combustão interna e do revolucionário Modelo T. 

Últimos anos e promessa de um país “verde”

Casa de Thomas Edison em West Orange. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Edison dedicou a década final de sua vida a um interesse inesperado: a botânica. Preocupado com a dependência americana da borracha importada da Ásia durante a Primeira Guerra Mundial, ele testou mais de 17 mil espécies vegetais. Apesar de, tecnicamente, a planta vara-de-ouro (goldenrod) ter funcionado, seu projeto não se revelou competitivo e foi abandonado.

Embora nenhum inventor tenha contribuído tanto para a modernidade, Edison tinha uma ideia controversa para o futuro, segundo seus biógrafos: um país verde. Não que ele fosse um ambientalista, mas porque detestava o desperdício e a ineficiência que começavam a caracterizar tanto a produção industrial quanto o consumo americanos.”

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“A luz do sol é uma forma de energia, assim como os ventos e as marés… Certamente deve chegar um tempo em que calor e energia serão armazenados em quantidades ilimitadas em cada comunidade, tudo coletado por forças naturais”, disse Edison. E acrescentou: “Eu mesmo farei isso acontecer, se ninguém mais fizer”. Ele morreu em 18 de outubro de 1931. 

Será que o segredo do sucesso de Edison foi saber transformar fracassos em aprendizados e limitações em vantagens? Comente nas redes sociais e compartilhe essa matéria com amigos interessados em histórias da ciência. Para saber mais sobre o inventor, assista ao vídeo A história da eletricidade.

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