Telescópio James Webb captura imagens do seu primeiro exoplaneta

O Telescópio Espacial James Webb, em operação desde 2022, é considerado o mais poderoso já lançado para observar as regiões mais distantes do universo; ele já registrou imagens de galáxias há mais de 13 bilhões de anos no passado. Agora, o telescópio fez sua primeira captura de um exoplaneta relativamente próximo do Sistema Solar.

Em um estudo publicado na revista científica Nature, uma equipe de pesquisadores anunciou a descoberta do primeiro exoplaneta identificado pelo telescópio James Webb. Chamado TWA 7b, o planeta faz parte de um sistema localizado a aproximadamente 100 anos-luz de distância da Terra.

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O corpo celeste faz parte do sistema TWA 7, uma estrela observada pela primeira vez em 1999 por meio do Telescópio Espacial Hubble. Segundo os dados coletados, a estrela tem cerca de 6,4 milhões de anos e ainda é cercada por um anel de gás e poeira, um processo que pode possibilitar a formação de novos planetas.

Os cientistas acreditam que o possível novo exoplaneta descoberto seja um gigante gasoso, com massa semelhante à de Saturno. Eles explicaram que o objeto provavelmente não teria sido detectado por outros telescópios.

Atualmente, somente o instrumento de infravermelho médio (MIRI) JWST conta com um acessório chamado coronógrafo, capaz de bloquear a luz da estrela hospedeira e, assim, permitir a observação do planeta. Muitos exoplanetas e outros objetos distantes deixam de ser detectados porque o brilho intenso de suas estrelas hospedeiras ofusca a luz mais fraca desses corpos, o que dificulta a observação.

“Aqui, utilizamos a sensibilidade sem precedentes do Instrumento de Infravermelho Médio do Telescópio Espacial James Webb no infravermelho térmico para procurar por esses planetas no disco da estrela TWA 7, com aproximadamente 6,4 milhões de anos”, a introdução do estudo descreve.

Primeiro exoplaneta do James Webb

Os dados também mostraram que o objeto orbita sua estrela hospedeira a uma distância cerca de 52 vezes maior do que a que separa a Terra do Sol. Anteriormente, o observatório Atacama Large Millimeter Array (ALMA) já havia detectado estruturas nos disco de gás e poeira ao redor da estrela.

A imagem mostra a estrela no centro, seguida por três aneis e o exoplaneta TWA 7b pode ser observado no segundo anel representado pelo código CC #2. (Fonte: A.-M. Lagrange/Nature)

No novo estudo, os pesquisadores indicam que o possível exoplaneta está localizado entre o primeiro e o segundo anel do disco protoplanetário — ao todo, são três aneis. É importante destacar que a detecção ainda precisa ser confirmada por outros métodos, por isso ele continua sendo considerado apenas um candidato a exoplaneta.

Conforme a principal autora do estudo, Anne-Marie Lagrange, do Observatório de Paris, ainda é muito difícil captar imagens diretas de exoplanetas por vários motivos; um dos principais é que a luz da estrela que orbitam pode ofuscar essa observação.

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Ela afirma que devido às capacidades do James Webb, a equipe conseguiu aumentar em até dez vezes a chance de detectar exoplanetas por imagem direta. Talvez em um futuro breve, telescópios como o Extremely Large Telescope, previsto para ser lançado em 2028, poderão ajudar a realizar ainda mais observações desse tipo.

“Os resultados apresentados mostram que o instrumento MIRI do Telescópio Espacial James Webb abriu uma nova janela para o estudo de planetas com massa inferior à de Júpiter, por meio de imagem direta”, o estudo acrescenta.

Explorar os arredores do nosso Sistema Solar pode revelar muito sobre a formação de mundos distantes. Quer saber mais? Entenda o que é o Cinturão de Kuiper, a região que pode hospedar um planeta semelhante à Terra. Até a próxima!

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